segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Um pedaço de desejo (sexo de línguas)

Desejo a noite nos olhos dela
Deusa da liberdade
Quem me dera prendê-la e não perdê-la
No começo de toda madrugada

Derramo confissões indecentes
Ela ri e sai
Fazendo o barulho de mil carnavais
Deixando em desordem todos os meus sentidos

Posso até adivinhar a cara que ela faz
Quando me confunde em medo
Nem freio nem acelero
Só, te espero

O sono acabou de passar por aqui
A garganta anseia por uma vodca
Enquanto a boca treme
Por um beijo de anjo

É hora de acordar
Enquanto a morena dança
Meu dia nasce
E as horas ardem de tanto esperar
A próxima madrugada












Me dê um trago de vida


A desilusão faz par com o estranho vazio
Eu trago a vida
Enquanto a vida me traga
Dilatando os músculos do silêncio
E vibrando as veias do coração
Preenchida por um prazer duvidoso

Queimo a ansiedade e o tempo
Queimo o que restou de memória
Penso nas garotas que ardem em brasa
Os desejos selvagens dessa vida
Penso em minha vida que só arde em brasa
Enquanto tenho nas mãos o que queimar



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

6 de Janeiro. Madrugada, passado, presente e futuro.



    Foi embora levando meu cheiro entre os pêlos da sua barba macia. Levando meu coração entre uma canção e outra da nossa Janis. E eu fiquei. Fiquei com seu último baseado e com algumas perguntas.
    Egraçado como o gosto da cerveja desapareceu ao sentir o que há tempos estava bloqueado. Ao sentir você partindo e me puxando entre uma contração e outra do meu útero. Desaparecendo na mesma esquina que te traz de volta...É, não havia futuro naquele presente, eu precisava acordar. Devoramos aquelas horas mudas e foi só isso. Talvez você seja mesmo mais um cara cafajeste e cheio de promessas, mas eu te amo, desde sempre. Um amor em suas diversas variações.
    Agora vc leva um pedaço do meu coração, e sei baby, que como os outros, também irá quebrá-lo um pouco, mas por mim tudo bem. Nessa vida eu aprendi até a sofrer sem maiores danos. Vá e seja feliz, te espero no fim do verão, no final de toda madrugada e no começo de toda aurora, onde fomos felizes até o fim.

"Ei, hoje você foi embora daqui, eu quis te amar,
Eu apenas queria te abraçar,eu disse, então até logo
Sim! Está tudo bem! Ei!"


"Alguma coisa apareceu,veio se agarrar a mim, 
E parecia como uma bola e uma corrente
Querido, é exatamente isso que parecia
Querido, me arrastando pra baixo..."

Ball and chain - Janis Joplin

No silêncio das horas


    Era o meu último trago. Tão intenso que eu fechava os olhos tentando imaginar o meu corpo todo sendo preenchido por aquela fumaça. Tão intenso que eu te esquecia. Te queimava, te fumava e te esquecia.
    Minha amante chegou a exatamente à 1h, e mesmo com tanta fumaça no corpo, pedi para que ela me cobrisse e me amasse até os últimos dias. Que me trouxesse a lua e as estrelas e todos os astros possíveis para que parecesse completo. Eu a amava, às vezes até a dividia, mas ela permanecia inteira.
   Depois pedi um café preto ao solo de Comfortably Numb. Agora, tragava o café e me agarrava nela, pedia para que ficasse mais um pouco. Minhas horas, meu veneno.
   A fumaça cobre meus olhos e toma meu corpo. Queimam-se as lembranças. Café, música, café, fumaça, música, café e fumaça. Preciso de tão pouco pra ser feliz que às vezes nem acredito. Precido da verdade com um pouco de mentira, das horas, das bichas e dos amigos. Preciso do silêncio, preciso de um pouco de tudo. Quando minha amada adormece, tudo que é sonho, tudo que é paz, adormece com ela. Minha amada, madrugada.