segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

No silêncio das horas


    Era o meu último trago. Tão intenso que eu fechava os olhos tentando imaginar o meu corpo todo sendo preenchido por aquela fumaça. Tão intenso que eu te esquecia. Te queimava, te fumava e te esquecia.
    Minha amante chegou a exatamente à 1h, e mesmo com tanta fumaça no corpo, pedi para que ela me cobrisse e me amasse até os últimos dias. Que me trouxesse a lua e as estrelas e todos os astros possíveis para que parecesse completo. Eu a amava, às vezes até a dividia, mas ela permanecia inteira.
   Depois pedi um café preto ao solo de Comfortably Numb. Agora, tragava o café e me agarrava nela, pedia para que ficasse mais um pouco. Minhas horas, meu veneno.
   A fumaça cobre meus olhos e toma meu corpo. Queimam-se as lembranças. Café, música, café, fumaça, música, café e fumaça. Preciso de tão pouco pra ser feliz que às vezes nem acredito. Precido da verdade com um pouco de mentira, das horas, das bichas e dos amigos. Preciso do silêncio, preciso de um pouco de tudo. Quando minha amada adormece, tudo que é sonho, tudo que é paz, adormece com ela. Minha amada, madrugada.


Nenhum comentário:

Postar um comentário